Escrever é como uma dádiva. É como aquele passarinho que voa sem nenhum objetivo, que faz piruetas, passa por lugares distintos e pinga aquele ponto final todo orgulhoso.
Por isso escrever é como voar. A sua mente viaja, levando seu corpo e você não sabe onde vai parar, nem como.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Ausência

Uma substância química já barra o meu choro e prende as minhas emoções. Então nada que é meu sai verdadeiramente pra fora. A não ser quando a angústia já não cabe mais no corpo, a dor invade cada pedacinho do que um dia eu reconheci ser a minha alma. Daí sim, a alma transborda.
Eu voltei por tantas vezes, pela ilusão.
Ah, como já eu bendisse a ilusão.
E como eu me frustei por isso. Podemos nos arrepender, ou o mundo vai nos condenar pela eternidade?
A frustração é apenas um tapa na cara. Um tapa que nos diz que ainda há um recomeço.
E eu vos pergunto: E quando você não quer recomeçar?
Melhor ainda: E quando você quer reconquistar?
Não, não mais existe. Uma vez perdido, uma vez apagado. Uma vez ferida, duas vezes ferida, três vezes ferida... e o recomeço não vêm.
Admita: você perdeu. Admita ainda mais: você não vai ganhar de volta.
Chega um certo momento da vida em que, quando você perde um brinquedo, papai não vai conseguir recuperar pra você.
Sim, eu não sei lidar com as minhas perdas.
Sim, eu não sei parar de chorar pra ser forte.
Sim, eu não messo esforços pra voltar a viver o que eu já vivi.
E não, nada disso me faz uma mulher melhor.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Deite

Me lembro de cada pedaço de chocolate que comemos juntos, e até mesmo aqueles que deixamos cair no chão. São caricaturas mal pintadas em minha mente, porém tudo se desenha e perde forma ao passo que você se afasta. Dói dizer que sim, dói dizer que não. Qualquer coisa no momento já me enche de torpor por não ver seus olhos brilhando.
A menina morde a rosa que ganhou, a outra chora de emoção. E eu, aqui, fico pensando quantas vezes usei inutilmente a palavra eu. E o quanto esse mesmo eu já não tem valor a ti.
Deixe-me crescer, deixe-me ser a única que faz você brilhar.
Ao acordar e não me ver, lute. E se caso for se deitar sem acarinhar meus cabelos, repudie.
Deixe-me...
Deixe-me ser a única...
Deixe-me ser a única que faz você brilhar.

domingo, 23 de setembro de 2012


Y voy a vivir los momentos
que desde hace años los traigo guardados
y creo que es el momento de tomar riesgos
de hacer todo a un lado y decir lo que siento
si ya te he encontrado no pienso de nuevo
llorar mi pasado si es que ya te tengo
siguiente parada será mi destino
seremos tú y yo, un lugar para dos
se llama Amor.
Y quédate
justo aquí, aquí conmigo.

Aleph.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Podem existir alguns tipos de felicidades
a maioria os quais desconheço
porque sei ainda que a fé que encontro no meu caminho
se desenha pelo que vem atrás,
pelas pegadas.
Já não sei mais quem sou
onde estou, de onde me tiraram.
Sei muito menos da vida do que uma formiga.
As lágrimas são repetitivas tanto na áurea quanto no papel.
Eu já não sei onde está.

Este não será minha melhor poesia.
Os meus traços costumam ser precisos e rápidos.
Apesar disso, meu ponto final é vírgula
e a vida posso continuar carregando em meus ombros.
Feito formiguinha.

sábado, 18 de agosto de 2012

Só mais uma de amor

Eu vou repetir as palavras como venho fazendo a algum tempo.
Quero deixar pra trás o que me fazia calar, e só dizer agora as primeiras palavras que me vierem à cabeça. Como, exemplificando o clichê, a tua presença já me faz sentir como se eu fosse única. Única não no sentido de exclusividade, mas na forma como eu consigo existir quando estou nos braços teus.
Escritora, poetisa ou aprendiz: eu nunca fiquei sem palavras. Não como agora. Foi quebrada a minha maior regra, aquela que dizia que eu não podia acreditar em alguém que não fosse eu. Aquela regrinha boba que me dizia que só papai e mamãe me amavam realmente. Tive que dar o braço a torcer. Por quê? Porque eu sei que quando eu olho para esses olhos a minha vida tem um novo propósito. Porque eu sei que estou segura, completa. Porque sei que consigo encontrar a minha paz num lugar onde eu jamais imaginei derramar lágrimas de emoção.
Sendo assim, promessas, dívidas, escolhas. Nada disso é tão relevante quanto nossa história. Só agora o passado realmente importa, porque as lembranças ainda fazem parte do meu ser.
Eu não sei se existe eternidade ou "pra sempre", mas deixei de me preocupar no instante em que em meu coração havia um morador, e eu me comprometi a nunca deixar ele ir embora.
Apesar de conhecer toda a minha luz, me fez perceber que ama também a minha escuridão, onde eu só posso pedir perdão por existir.
Vou agradecer de novo, pedir desculpas e fazer juras. É assim que vai ser. Até onde Deus permitir.
Eu amo você.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

No que me prenderei agora, senão em minhas linhas tortas? Dar de mim tudo o que posso ser não é o suficiente, abrir a primeira página do meu livro não trás orgulho, traçar vaidades pelo caminho agora parece mais justo para causar felicidade dentro de uma alma que um dia se julgou...desprendida de lívidez.
Mais que consolo, mais que abraços, mais que harmonia.
Eu quero a pomba branca.
Parar de pensar, parar de cogitar.
Adquirir características novas não é mudar por completo, e sim saudar um novo eu que nasce, cresce e corrói todos os dias.
Por favor, não estou aqui para dizer palavras bonitas.
De bonita já basta a sociedade.

Eu sou uma astronauta

Eu tenho saudade de quando dois corpos se tornavam uma única alma num espaço pequeno. Minúsculo. E, em estado de choque, lágrimas menores ainda escorriam. Transbordavam.
Agora, então, com o imenso e irônico papel de extraterrestre, me desfaço em pedaços pra me tornar grande. Me ajoelho sob migalhas, deito-me em cama de fel, usufruo da incerteza só pra ter certeza que vai ficar tudo bem. Só para calar os olhos, fechar a boca.
Pra ver os olhos da criança se alegrarem. Sentir o cheiro da boca, o vai e vem da respiração monótona, os dedos entrelaçados, o sorriso estampado. A cara boba, lábios pendendo...pro alto.
Deixei para trás um coração partido e uma ou duas histórias que são dignas de reprodução. Deixei o meu universo pra virar uma astronauta, para tirar cada pétala de uma rosa e fazer um velho jogo.
Deixei pra mergulhar num sorriso já conhecido, e ficar estupidamente sem palavras.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Eu poderia estar escrevendo algo mais útil, ou que fizesse mais sentido.
Poderia estar usufruindo da máquina que querem que eu seja, dos movimentos mecânicos que querem que eu faça e das tarefas executadas por uma força que eu nem mesmo sei se existe.
As algemas vão me prendendo enquanto, em vão, tento escapar.
Agarram o seu braço como se ele fosse de ferro, dão tapas na sua cara como se você não sentisse. Pegam em suas pernas como se você pudesse continuar andando, montam em seus ombros como se você pudesse suportar o peso do mundo.
Eu poderia estar vendendo, matando, alienando.
Mas quero escrever uma música. Ou um soneto.
Quero tomar um banho de chuva, brincar na calçada, me sujar de lama.
Me chamem de insano, mas eu quero pintar. Ou desenhar um rosto.
Quero fazer caridade, jogar as roupas fora, gritar "liberdade".
Afinal, é bom sentir. É bom sentir-se.
Máquina eu não sou, jamais poderei ser, jamais poderá exigir tamanha insanidade.
Eu tenho carne, eu tenho osso.
Reconheça-me como animal que sou. Como ser humano.

sábado, 28 de abril de 2012

Do avesso

Desculpe-me tal sinceridade
de dizer-lhe o que dentro da razão
não faz sentido.
Mas o caso é que
seu descaso se desfez
de tudo que me importa.
E a cada passo,
e a cada palavra
(que por um acaso é a mais sublime
e perfeita de todos os casos),
e a cada gota d'água corrente
da cachoeira negra de meus olhos
está sua presença ao contrário,
seu carinho ao contrário,
seu amor do avesso.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Ponto final

Orgulho. Saudade. Culpa. Humilhação. Pena. Falta. Dor. Raiva. Incompreenção. Incompreensiva. Burra. Fugaz. Deprimente. Erro. Desculpa. Incompreenção. Incompreensiva. Lágrimas. Lágrimas. Coração. Saudade. Falta. Mundo. Dor. Fé. Amor. Salva.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012


Creio que a mente é frágil, deixando que algumas lembranças escorreguem e se dissipem em algum lugar qualquer. Mas a mesma mente levanta a contradição de saudade, da falta que sentimos de momentos passados. A saudade existe até por antecedência, ligada ao medo. E é extremamente difícil se desligar de algumas coisas que, em certos momentos, pensaram que jamais viveriam sem. E mais difícil ainda é perceber que um dia, querendo ou não, vocês têm que se despedir.
  Deixar passar ocasiões, momentos...pessoas.
  Deixar ir embora tudo o que um dia os fizeram felizes.
  Já me perguntei muitas vezes se são sábios o suficiente para administrar cada situação em específico. A resposta é singela, porém concreta: NÃO. Enquanto estiverem aqui, será para cair, ralar os joelhos e aprender a curar as feridas. Sarar todas elas. E mesmo com experiência, aceitar seus segredos como sendo os primeiros a transportarem a barreira do orgulho.
  Aprender é uma palavra sábia.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Palavras mudas

Li e reli muitas palavras de sábios que me fizeram acreditar que um dia eu poderia vencer. Percebi, então, o quanto as palavras podem ajudar uma pessoa a crescer. Na realidade, ao contrário da maioria das pessoas, eu penso que palavras ditas tem tanto valor quanto ações.
Falar menos, agir mais. Sim, é o que todos dizem. Mas na verdade, eles simplesmente dizem.
Te dizem para não desistir, para ser forte, para lutar e seguir em frente.
Se dizer não estivesse tão associado ao fazer, pessoas comuns não chegariam ao pódio. Não fariam da sua própria vida um presente a outro.
Enquanto estou aqui, digitando essas palavras, a minha verdadeira vontade era de gritá-las nos ouvidos de alguém. Tentar abrir a cabeça de certas pessoas e enfiar dentro delas que o mundo lá fora está aí pra isso. Pra machucar, pra ferir, pra te fazer sofrer como se você não pudesse mais suportar. E ainda assim, o que seria da compaixão sem o sofrimento? O que seria da caridade sem os necessitados? E, finalmente, o que seria do amor sem a indiferença?
É, vai dizer isso pra quem sofre...
Posso agir imediatamente agora, dizendo que todos nós sofremos. Alguns sofrem calados, outros explodem, ou mesmo desistem. O que sou totalmente contra, porque desistir não existe no meu vocabulário.
Se agir é tão mais fundamental que falar, repense a quantidade de vezes que a esperança foi expressa em ações.
Me desculpe, mas a ação sem o dizer, é simplesmente muda. É morta.