Escrever é como uma dádiva. É como aquele passarinho que voa sem nenhum objetivo, que faz piruetas, passa por lugares distintos e pinga aquele ponto final todo orgulhoso.
Por isso escrever é como voar. A sua mente viaja, levando seu corpo e você não sabe onde vai parar, nem como.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

História de gente e anjos, introdução

  A noite é escura, sombria. Sempre procurara o significado daquela imensidão negra e nunca encontrara.
  Mas mesmo assim, tua beleza não se cala. Diante da vasta solidão carregada, aparecem pontos brilhantes que a ciência tenta- mas não consegue- explicar. Pontos de luz que são capazes de mudar vidas só com seu infinito encanto.
  Observando tudo aquilo, um susto! A respiração se acelerou, o coração disparou. Rapidamente recupera o folego para voltar a admirar a beleza e os mistérios da noite. Um vento sopra devagar e aumenta sua velocidade pouco a pouco. Os poucos cabelos voam e a pele fina e branca se arrepia. Fecha os olhos com medo e aguarda um instante até o coração se acostumar com situações adversas ao que já é rotina. Abre os olhos. O vento continua, dessa vez mais intenso. Um sopro quente, jamais sentido. Uma sensação de impotência toma conta de si e o arrepio é presente em sua pele, o deixando cada vez com mais medo. Fecha os olhos novamente e dessa vez, quando os abre, um clarão sobre a noite sombria é aberto. Uma luz muito maior que a das estrelas, radiante e bela. De repente, do clarão, a alucinante presença de um anjo é percebida ali.
  “Um anjo?” se perguntou. Sim, um anjo. Com a magia de seu ser atuando ali, ilustre. O grande ser se aproximava cada vez mais e ele não conseguia distinguir sua sexualidade.
  Perguntou ao digníssimo anjo o que o traria a Terra. “A infelicidade”, respondeu calmamente flutuando no novo céu claro sob o escuro.
  Aquela criatura se acercava até tocar sua face. Rapidamente, seu coração se apertou e uma lágrima rolou manifestando sua dor.
  “Você é gente?” perguntou o anjo, e sem hesitar respondeu que sim. Segundos foram suficientes para mais uma lágrima cair. “Por que choras? Por quê? A vida não é o bastante, não é verdade? Eu sei, você sofre. E muito. Mas não tens tudo, ou case tudo o que quer? Não é suficiente? Ou talvez o material seja supérfluo agora. O que passa no seu coração? Angústia? Medo? Se sente traído, não é mesmo? Traído por quem? Pela vida, pelo mundo? Quem pode te ajudar agora? Você pode se reerguer sozinho? Quem me enviou aqui quer seu bem, pois a vida é bela e Ele os colocou aqui com a maior missão de ser e fazer feliz. E você...você não está feliz. Me dê a mão. Ande, me dê sua mão! Agora esse vento que está sentindo é puro. Tua doença será curada, só é necessário acreditar. As coisas ruins vão ir embora se você souber como as jogar fora. Tudo depende de você. Quer voar? Feche seus olhos e aperte minha mão.”
  Sua mão apertou forte a mão quase de penas da divindade, e ele se entregou ao surreal. Quando percebeu, estava mergulhado num universo diferente, passando a mil por hora por entre os pontos brilhantes que antes estavam tão longe. Podia toca-las, podia até mesmo sentir seu cheiro. Como eram enormes essas estrelas!
  “Está vendo o mundo aí embaixo?” perguntou o anjo. “É grande, belo, e cheio de realidade. Mas a sua realidade só pode ser você mesmo o criador. Acredite! Persista!”
  Ele se sentiu uma criança novamente. Estava voando! E alguns instantes depois avistou o mesmo lugar onde estava quando encontrou o anjo. Quando a divindade ia saindo, ele segurou suas mãos, olhou em seus olhos e disse: “Anjo, quando você volta?” e o anjo respondeu que sua missão era abrir uma luz, aquela mesma luz no meio da escuridão da noite, no coração dos desesperados, esperando como crianças uma ajuda dos céus. Mas a luz é um auxílio, pequena assistência para quem tem muitas chances de ser feliz. E completou ainda: “Na sua felicidade, poderá me ver, mas só sentirá orgulho porque pôde acreditar no inexistente, me enxergar e refletir magia sobre sua existência.”
  De repente, já era dia, e acordou com o relógio no seu ouvido palpitando a realidade. A realidade que agora tinha um novo criador.

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